
A liberdade em construção. Identidade nacional e conflitos antilusitanos no Primeiro Reinado
Gladys Sabina Ribeiro, 2022Editado pela primeira vez em 2002, este livro discute o início do processo de formação identitária da nação brasileira, partindo do processo de autonomização do país. Gladys Sabina Ribeiro toma como marco de chegada os acontecimentos que precederam e sucederam o Sete de Abril, quando o Brasil foi (re)descoberto com a abdicação de Dom Pedro I e falou-se em nova e verdadeira Independência, liberdade total do “jugo português”.
A urgência na construção de uma única identidade nacional nos processos de formação dos Estados nacionais e de constituição dos “nacionalismos”, ao longo do século XIX, era uma tarefa difícil na perspectiva política e ainda mais complicada nos âmbitos social e econômico.
A autora destaca como a retórica da “união” e da “unidade”, no caso do Brasil, de Portugal e das possessões africanas, foi largamente usada em fins do XVIII e inícios do XIX. “Visava-se a uma certa utopia: o Império Luso-Brasileiro, rico, forte e poderoso. Laços ditos naturais e de sangue, além de vínculos comerciais, tornavam-nos ‘compatriotas’, ‘irmãos’ que deveriam viver em ‘paz e harmonia’ para alcançar a ‘felicidade’. E esses pretextos foram evocados até que interesses econômicos incompatíveis, de ambos os lados do Atlântico, geraram a separação definitiva, a independência total do Brasil, não mais simplesmente a autonomia”.
Eclodem as rivalidades nacionais e raciais, até então amenizadas e imiscuídas nos discursos da “irmandade”. Com a busca de espaço para a vivência da liberdade, vieram xenofobias e conflitos, tendo o mercado de trabalho e a luta pela sobrevivência como carros-chefe. Para acentuar a divisão, a separação e a diferença, era necessário atribuir qualidades aos “brasileiros” e aos “portugueses” e julgar moralmente a colonização. Construir, assim, uma identidade nacional para o país recém-criado.

Múltiplos olhares sobre o Oitocentos
Gladys Sabina Ribeiro (org.), 2021Paulo Cruz Terra (org.)
O II Seminário de Pós-Graduandos dos núcleos de pesquisa Centro de Estudos do Oitocentos (CEO)- UFF, Núcleo de Estudos de Migrações, Identidades e Cidadania (NEMIC) – UFF, Grupo de Pesquisa O Primeiro Reinado em revisão – UFRJ / UFF e História Econômica Quantitativa e Social (HEQUS)- UFF foi realizado entre 7 e 9 de junho de 2021, como atividade do Projeto Universal Poderes políticos, trocas culturais e cidadania em dois momentos (1840-1857 e 1870 a 1920).
Ao apresentar textos selecionados a partir de pareceres ad hoc, o livro Múltiplos olhares sobre o Oitocentos pretende não apenas incentivar o diálogo entre pesquisadores de diferentes instituições, vinculados aos núcleos acima citados, como também estreitar as trocas acadêmicas sobre o longo século XIX brasileiro.
A multiplicidade de pesquisas está demonstrada nas quatro partes que constituem o livro, sendo a primeira delas intitulada “Escravidão e liberdades”. A segunda parte do livro apresenta textos relacionados à economia e sociedade no Oitocentos. A terceira parte reúne capítulos em torno das práticas culturais e do trabalho no século XIX. A quarta e última parte é dedicada às perspectivas políticas no Oitocentos.
Os estudos aqui reunidos, frutos de pesquisas inovadoras de pós-graduandos ligados aos núcleos mencionados anteriormente, trazem, portanto, múltiplos olhares sobre o Oitocentos. Nesse sentido, os leitores encontram análises sobre a escravidão e liberdades, economia, relações de trabalho, educação, moda e política. Esperamos que os textos possam suscitar novos debates sobre o longo século XIX brasileiro.

Poderes, cidadania, trocas culturais e socioeconômicas no Oitocentos
Gladys Sabina Ribeiro (org.), 2021Karoline Carula (org.)
O livro Poderes, cidadania, trocas culturais e socioeconômicas no Oitocentos é fruto do trabalho coletivo de pesquisa realizado por pesquisadores e pós-graduandos vinculados aos núcleos de pesquisa Centro de Estudos do Oitocentos (CEO)- UFF, NEMIC (Núcleo de Estudos de Migrações, Identidades e Cidadania) – UFF, Grupo de Pesquisa O Primeiro Reinado em revisão – UFRJ / UFF e História Econômica Quantitativa e Social (HEQUS) – UFF. Estes grupos de pesquisa, unidos ao redor da problemática traçada no Projeto Universal Poderes políticos, trocas culturais e cidadania em dois momentos (1840-1857 e 1870 a 1920), realizaram um seminário dos dias 21 a 23 de maio de 2019 para apresentar e debater os resultados das suas investigações. Nesse evento, orientandos dos pesquisadores envolvidos no projeto, e daqueles vinculados aos núcleos nominados, apresentaram suas pesquisas em desenvolvimento, naquela ocasião.
Ao tratar do antilusitanismo na Primeira República, este livro amplia a discussão do tema para além de um sentimento alimentado contra o ex-colonizador. Aborda como os portugueses travavam diariamente uma árdua luta pela subsistência, fazendo da necessidade um trunfo no mercado de trabalho carioca.
Como trabalhadores e proprietários, dessa maneira julgavam ter direito à terra e, por conseguinte, à nacionalidade brasileiras. Na mesma proporção que discriminavam e açambarcavam as melhores oportunidades de trabalho, eram discriminados e contra eles não raro surgia o grito de “Mata galegos!”.
Sobre a autora – Professora titular do Instituto de História da UFF, bolsista de produtividade do CNPq e Cientista do Nosso Estado/Faperj, Gladys Sabina Ribeiro coordena o Núcleo de Estudos de Migrações, Identidades e Cidadania e é pesquisadora do Centro de Estudos do Oitocentos e fundadora da Sociedade Brasileira de Estudos do Oitocentos. Publicou “Mata galegos: os portugueses e os conflitos de trabalho na República Velha” e “A liberdade em construção: identidade nacional e conflitos antilusitanos no Primeiro Reinado”.

Imprensa, livros e política no oitocentos.
(org.), 2018Tania Maria Tavares Bessone da Cruz (org.)
Gladys Sabina Ribeiro (org.)
Beatriz Piva Momesso (org.)
A presente coletânea constitui o terceiro volume da coleção organizada por quatro historiadoras inseridas em investigações filiadas aos laboratórios da Universidade Federal Fluminense e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, integrantes fundadoras da Sociedade de Estudos dos Oitocentos (CEO), em 2013. Os textos aqui publicados refletem as mais recentes e qualificadas pesquisas sobre o período, desenvolvidas por professores e pesquisadores universitários e alunos de pós-graduação. Traduzem esforços metodológicos que aproximam a História da Literatura, demonstram a possibilidade de fazer no Brasil a História Conceitual do Político no século XIX, ou ainda descortinam novos modos de entendimento da História da ciência oitocentista a partir dos estudos sobre livros e imprensa. Os textos cumprem, assim, a função de contribuir com um entendimento maior sobre este período, priorizando a compreensão do circuito comunicacional consolidado no Rio de Janeiro, enquanto principal porto de entrada de impressos e como espaço de maior efervescência intelectual do Império do Brasil. Ademais, além de dois capítulos serem dedicados a objetos próprios ao contexto português e francês, os outros autores não deixam de correlacionar os aspectos identificados no Brasil com a dinâmica estabelecida na Europa no mesmo período, visto que essas dimensões coexistem e interagem entre si, mesmo que redundem em práticas e realidades específicas.

Portugueses e Cidadãos: experiências e identidades nos séculos XIX e XX
(org.), 2018Paulo Cruz Terra (org.)
Gladys Sabina Ribeiro (org.)
Fabiane Popinigis (org.)
Portugueses e cidadãos. Experiências e identidades nos séculos XIX e XX descortina para os leitores a realidade da imigração portuguesa e suas lutas no cotidiano brasileiro de então. A Constituição de 1891 separou as ‘qualidades’ e os ‘direitos” dos “cidadãos brasileiros’. Ao fazer essa operação, dissociou a cidadania da nacionalidade vinculada ao local de nascimento. Ampliou também a possibilidade da aquisição de direitos ao estabelecer um vínculo jurídico entre o indivíduo e o Estado. Embora sacramentada apenas no início da República, essa era a interpretação que tiveram os portugueses naturalizados e os que mantiveram a nacionalidade de origem em todo o Império. Os lusitanos não prescindiram da nacionalidade, mas usaram os diplomas legais a partir de suas experiências, nexo necessário para se sentirem cidadãos: os direitos destes estavam vinculados ao pertencimento e se faziam no espaço público como local de igualdade. A obra mostra os meandros da imigração portuguesa, revelando diversos ângulos e facetas ainda pouco conhecidos pelo público brasileiro.

Imprensa, livros e política no Oitocentos
Tânia Bessone (org.), 2018Gladys Sabina Ribeiro (org.)
Monique de Siqueira Gonçalves (org.)
Beatriz Momesso (org.)
A presente coletânea constitui o terceiro volume da coleção organizada por quatro historiadoras inseridas em investigações filiadas aos laboratórios da Universidade Federal Fluminense e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, integrantes fundadoras da Sociedade de Estudos dos Oitocentos (CEO), em 2013. Os textos aqui publicados refletem as mais recentes e qualificadas pesquisas sobre o período, desenvolvidas por professores e pesquisadores universitários e alunos de pós-graduação. Traduzem esforços metodológicos que aproximam a História da Literatura, demonstram a possibilidade de fazer no Brasil a História Conceitual do Político no século XIX, ou ainda descortinam novos modos de entendimento da História da ciência oitocentista a partir dos estudos sobre livros e imprensa. Os textos cumprem, assim, a função de contribuir com um entendimento maior sobre este período, priorizando a compreensão do circuito comunicacional consolidado no Rio de Janeiro, enquanto principal porto de entrada de impressos e como espaço de maior efervescência intelectual do Império do Brasil. Ademais, além de dois capítulos serem dedicados a objetos próprios ao contexto português e francês, os outros autores não deixam de correlacionar os aspectos identificados no Brasil com a dinâmica estabelecida na Europa no mesmo período, visto que essas dimensões coexistem e interagem entre si, mesmo que redundem em práticas e realidades específicas.

Dossiê Imigrações.
(org.), 2017Gladys Sabina Ribeiro (org.)
Ismênia Lima Martins (org.)
Erica Sarmiento (org.)
É sob a luz das questões e inquietações do presente que o dossiê
Imigrações, organizado pelas professoras Ismênia de Lima Martins,
Gladys Sabina Ribeiro e Érica Sarmiento, aborda o “longo século
XIX”- e os seus diferentes fluxos migratórios e grupos de imigrantes
que encontraram nas Américas seu pouso e destino.

Cartografias da Cidade (In) Visível:Setores populares, cultura escrita, educação e leitura no Rio de Janeiro imperial
Giselle Martins Venancio (org.), 2017María Verónica Secreto (org.)
Gladys Sabina Ribeiro (org.)
Giselle Martins Venâncio (org.)
Enfocando práticas de escrita e letramento dos pobres, daqueles que sempre consideramos excluídos do mundo culto, Cartografias da Cidade (In)Visível delineia um quadro renovado. Enveredando por abordagens novas, o livro mostra como alguns que, tidos como excepcionais, pois de origem popular e negros, produziam a escrita educada dos romances, poesias ou artigos de jornal – como Machado de Assis e Lima Barreto – eram também produtos do sistema escolar do Império, menos excludente do que supomos. A maioria, no entanto, se inseria no universo escrito pelas bordas, por meio de formas de letramento que costumamos chamar de incompletas, mas que se revelam como estratégias de inclusão significativas. Recuperar a participação de escravos, libertos e livres no mundo fechado da alta cultura e da escrita nos permite superar mais uma barreira que, por muito tempo, antepôs aqueles que tiveram o privilégio de fazer a história – de narrá-la segundo seus pontos de vista – aos que, aparentemente, apenas a tinham sofrido! (fragmento do texto de Maria Helena P. T. Machado- Professora Titular – Depto. de História- USP)

Escravidão e cultura afro-brasileira: temas e problemas em torno da obra de Robert Slenes
Gladys Sabina Ribeiro (org.), 2017Jonis Freire (org.)
Sidney Chalhoub (org.)
Martha Campos Abreu
Escravidão e cultura afro-brasileira: temas e problemas em torno da obra de Robert Slenes é uma coletânea de capítulos que foram apresentados em evento do mesmo nome, realizado na Universidade Federal Fluminense em outubro de 2014. Homenagem de seus ex-orientandos de doutorado e de colegas de ofício, os artigos do livro revelam pesquisas novas sobre temas que foram desdobrados de sua precisa orientação e do instigante convívio acadêmico com Slenes. Divide-se, assim, em cinco partes que se propõem a brindar o leitor com novas perspectivas sobre a escravidão no Oitocentos, a abolição, o pós-abolição e o trabalho livre. São elas: (I) A África no Brasil; (II) Família; (III) Rebeldia e tráfico; (IV) Abolição; e (V) Visões da história.

Histórias sobre o Brasil no Oitocentos
Gladys Sabina Ribeiro (org.), 2016Adriana Pereira Campos (org.)
Em maio de 2013, em um evento comemorativo dos 10 anos do Centro de Estudos do Oitocentos (CEO – UFF), fundou-se a Sociedade Brasileira de Estudos do Oitocentos (SEO), com sede na Universidade Federal Fluminense. O CEO, núcleo propulsor desta fundação, tem sede no Departamento de História da UFF. Ao longo desses anos, abrigou 3 projetos de excelência (PRONEX – FAPERJ / de 2004 a 2014)[1] e foi responsável pela publicação de cinco livros, cujos artigos elaborados por seus pesquisadores e convidados procuraram refletir sobre as dimensões da cidadania, da nação e do Estado no Oitocentos. Com capacidade de nuclear outros grupos e a responsabilidade de disseminar e consolidar análises sobre o período imperial, promoveu também simpósios temáticos nos seminários nacionais e regionais da Associação Nacional de História (ANPUH), bem como organizou seminários internacionais que reuniram pesquisadores estrangeiros, do PRONEX e convidados de outros núcleos de pesquisa e universidades para profícuo debate acadêmico. Ainda dentro de suas atividades, organizou dois seminários regionais, um em 2003 e outro em 2008, com o mesmo intuito de ampliar o debate sobre novos temas e perspectivas de análise do longo século XIX e realizou um concurso de teses e dissertações sobre a mesma temporalidade.
A SEO nasceu, portanto, na tradição das ações encetadas pelo CEO-UFF, mas com amplo apoio da historiografia. Cento e setenta e três pesquisadores e sete grupos de pesquisa assinaram uma carta de apoio à sua criação, que foi chamada de Carta de Niterói. Nela mencionava-se o cenário da fundação da sociedade: “o processo de expansão quantitativa e qualitativa”[2] que passavam as universidades brasileiras e a necessidade de se criar um novo modelo de integração que reunisse pesquisadores, professores, alunos de pós-graduação, de graduação, projetos coletivos, linhas e grupos de pesquisa. Assim, o documento traçou como objetivo princial “servir de fórum de debates e representação dos diversos pesquisadores e grupos, nacionais e estrangeiros, comprometidos com a pesquisa, o ensino e a divulgação científica das histórias desse longo século XIX – período que se estende desde meados do século XVIII até 1930, ou, para o caso brasileiro, desde o que se conhece como a crise do sistema colonial até o final da chamada Primeira República”. Ao seguir o modelo de outras sociedades científicas, a SEO procurou se constituir como um espaço autônomo e integrador de iniciativas de reflexão e análise sobre os diferentes recortes temáticos, objetos e abordagens sobre o período. Constituiu-se “aberta a todas as vertentes interpretativas e de livre associação, sem interferir nos processos internos e na autonomia dessas entidades associadas” e tomou por norte acreditar na diversidade para potencializar a “emergência de identidades e interesses comuns na relação com os diferentes setores da sociedade, do Estado e do mundo acadêmico-científico”. O caráter nacional e internacional da SEO levou à eleição de uma diretoria, conselho fiscal e científico plurais, que contemplou pesquisadores brasileiros e internacionais de universidades diferentes. Com relação ao Brasil, cuidou-se de que a gestão estivesse regionalmente representada. Esse esforço resultou no I Seminário Internacional da SEO: Brasil no século XIX, que aconteceu entre os dias 25 e 29 de agosto, nas dependências do Departamento de História da Universidade Federal do Espírito Santo. Ao longo desses três dias foram apresentadas 209 comunicações e 86 foram enviadas para avaliação de um Comitê Editorial e de um Comitê Assessor, coordenados por Adriana Pereira Campos. Desses, 77 trabalhos obtiveram pareceres favoráveis e foram publicados na forma de Anais eletrônicos na página da SEO. Os treze artigos que compõem este livro foram selecionados entre essas 77 comunicações. Expressam novas perspectivas e novos horizontes de pesquisa e foram agrupados em cinco seções. A primeira delas trata de aspectos econômicos e conjuga-os com posições e opções políticas. Mostra que a economia, a política e características culturais e sociais caminham lado a lado. Assim, os capítulos abordam políticas relativas ao tesouro nacional, com liames estreitos com os partidos políticos; a importância das ferrovias para a configuração das cidades e suas morfologias como Bocas do Sertão em diferentes províncias e o desenvolvimento do Sul do Espírito Santo por meio de sua ocupação feita por imigrantes.Livros e literatura, segunda seção, do livro, aborda a leitura, como as pessoas liam, viviam e até tinham ganhos pecuniários com o livros. Prossegue com análises instigantes sobre aspectos da literatura no século XIX ao tematizar a identidades regionais do Sul e ao recuperar um tipo literário original marcado pela tradição poética da gauchesca, que idealizava um passado que foi sendo destruído pelos novos tempos trazidos pela “civilização”. De forma instigante, trata igualmente da ironia de Martins Guimarães no periódico carioca Semana Ilustrada. Procura articular aspectos linguísticos, literários e culturais da crítica literária da segunda metade do século XIX e discutir textos que fugiram aos padrões da crítica literária tradicional devido ao humor, à ironia, ao elogio exagerado aos autores e a produções medíocres. A seção Imprensa revela uma riqueza ímpar ao se debruçar sobre jornais, tipografias e ao desnudar a importância da circulação de ideias entre Parlamento e imprensa. Recupera a instalação da Tipografia Nacional do Maranhão, no contexto de instituição da liberdade de imprensa pelo constitucionalismo português, e abre uma importante janela para se perceber os impactos provocados nas disputas políticas. Já a circularidade de ideias entre Parlamento e imprensa é tratada em relação a um assunto específico: o tráfico. A hipótese, ao abordar um político pernambucano, é defender que os grupos políticos nasciam de alianças tecidas por líderes de partidos por meio das falas que proferiam. Esses homens eram grandes oradores que arregimentavam parlamentares ao seu redor e traçavam-lhes as diretrizes.Historiografia e escravidão é a penúltima seção, composta de três artigos. A historiografia sergipana e a sua importância é tema pouquíssimo frequentado. O autor recupera os primeiros estudos de história da historiografia sergipana sobre o Oitocentos, nascida na década de 1970. Os dois últimos capítulos tratam da escravidão. Com base em levantamento original das sociedades abolicionistas francesas no século XIX, um dos estudos contempla o Comitê pela abolição do tráfico de escravos da Sociedade da Moral Cristã, fundada em 1821, e discute a retórica abolicionista dos franceses principalmente por meio da denúncia das condições das viagens nos navios negreiros. Esse estudo dá subsídios para se comparar os discursos francês e brasileiro, no período tratado, e permite verificar e comparar os argumentos usados lá e cá. O último capítulo dá um tratamento novo às questões relativas ao tráfico ilegal e negreiro por dimensionar o reerguimento da escravidão no Brasil oitocentista, em sua dimensão Atlântica e no seio da chamada segunda escravidão. Enfatiza os vínculos entre os negócios do café e os do tráfico ilegal de africanos, seus agentes e suas estruturas. A última seção do livro analisa os militares no período imperial, com distintos enfoques. Mostram-se as tensões políticas entre as instituições do Comando das Armas e da Junta Provisória de Governo do Espírito Santo, com suas estruturas administrativas e políticas, frutos das determinações das Cortes Lisboetas. Também nesta parte se deslinda o surgimento de uma imprensa militar no Brasil, analisando os temas em pauta a partir do exame da Revista Marítima Brasileira publicada entre 1851 e 1855. Ao situar o livro em seu contexto de produção e ao resenhar brevemente os conteúdos de cada parte, esperamos contribuir para o debate acadêmico nas áreas específicas abordadas e atribuir a SEO a tradição de debates acadêmicos que tragam sempre novos caminhos de interpretação para os anos de 1750 a 1930, o longo século XIX.
[1] Entre 2004 e 2010, os projetos Nação e cidadania no Império: novos horizontes e Dimensões da cidadania no século XIX estiveram sob coordenação acadêmica de José Murilo de Carvalho e coordenação executiva de Gladys Sabina Ribeiro. Entre 2011 e 2014, fez parceria com o REDES- UERJ, para a execução do projeto Dimensões e fronteiras do Estado brasileiro no século XIX, proposto por Lúcia Maria Pereira das Neves e com a coordenação acadêmica de José Murilo de Carvalho.
[2] Carta Aberta de Niterói. maio de 2013.

Cultura escrita e circulação de impressos no Oitocentos.
Gladys Sabina Ribeiro (org.), 2016Tânia Maria Bessone da Cruz Ferreira (org.)
Beatriz Piva Momesso (org.)
Monique Siqueira Gonçalves (org.)
Este livro é uma importante contribuição aos estudos sobre a circulação dos impressos no Brasil do século XIX. As organizadoras, nomes destacados no cenário da produção historiográfica sobre o Império brasileiro, buscam ampliar e consolidar um campo de debates sobre os impressos, o que resulta num volume que proporciona o alargamento da análise historiográfica ao sugerir novas questões e abordagens inéditas das fontes.
No século XIX, o avanço da mecanização da impressão, o barateamento do papel e o crescimento do número de leitores fizeram explodir a quantidade de impressos em circulação. Assim como em outras regiões do mundo, também no Brasil oitocentista, a palavra impressa ganhou as ruas, revolucionando os modos de difusão das ideias. Panfletos, periódicos, jornais e livros colocaram leitores e autores em contato direto, possibilitando a expansão de projetos políticos, literários e culturais.
Ao refletir sobre os usos dos impressos a partir de uma geografia extensa – de norte a sul do Império – e de amplos e diversificados problemas – a construção de identidades políticas, os discursos antiescravistas, os acervos literários e técnicos das bibliotecas, entre outros –, este livro se torna leitura obrigatória para todos aqueles interessados nos modos de produção e circulação de ideias no Brasil oitocentista.

O Oitocentos sob novas perspectivas.
Gladys Sabina Ribeiro (org.), 2014Ismênia de Lima Martins (org.)
Tânia Maria Bessone da Cruz Ferreira (org.)
O Oitocentos sob novas perspectivas reúne dezesseis artigos selecionados por pareceristas dentre as vinte e nove comunicações que foram enviadas às organizadoras. Divide-se em quatro partes: Os Mundos dos Negócios e do Trabalho; O Jogo da Política e a Diplomacia; Ciências e Letras e Culturas e Sociabilidades. Foi resultado do Seminário que comemorou 10 anos de fundação do CEO (Centro de Estudos do Oitocentos), ocorrido na UFF, em 2013. Neste evento, fundou-se a SEO (Sociedade de Estudos do Oitocentos).

O oitocentos entre livros, livreiros. Impressos, missivas e bibliotecas.
Gladys Sabina Ribeiro (org.), 2013Tânia Maria Bessone da Cruz Ferreira (org.)
Monique de Siqueira Gonçalvez (org.)
Livros, livreiros e impressos alcançaram grande relevância política e sociocultural no Brasil do século XIX, principalmente com o fim da censura e o estabelecimento dos editores na Corte imperial. Neste livro de três importantes historiadoras brasileiras vemos como se criou, na corte imperial, um ambiente onde a ‘opinião pública’ passava a ocupar, progressivamente, a função de legitimadora de posições políticas, incentivando o contínuo surgimento de novos veículos de comunicação impressa no Império do Brasil. Desta forma, no âmbito da pesquisa historiográfica, a verificação de um contexto histórico marcado pelo intenso fluxo de ideias, possibilitado, sobretudo, pela crescente circulação de livros, jornais, panfletos, estampas, almanaques, cartas, partituras de músicas, entre outros, tem motivado a realização de multifacetadas investigações históricas. Este livro toma como referência as pesquisas de Robert Darnton e Daniel Roche, onde a palavra impressa é vista como uma ‘força ativa na história’ e não como um simples registro do que aconteceu. Neste volume, foram reunidos textos dedicados a esses temas, bem como aqueles relacionados aos espaços de sociabilidade ao redor do livro, como bibliotecas e livrarias.

Linguagens e Fronteiras do Poder.
Gladys Sabina Ribeiro (org.), 2012José Murilo de Carvalho (org.)
Miriam Halpern Pereira (org.)
Maria João Vaz (org.)
A história comparada hoje impõe-se à escrita da História como uma necessidade absoluta para a inteligibilidade do passado. Os países inseridos num espaço imperial e pós-imperial oferecem um domínio analítico específico. A sua particularidade resulta da existência de um passado comum, ainda que em situação de subordinação das antigas colónias em relação à metrópole. No caso de Portugal e Brasil, esse passado teve uma peculiar evolução, já que na fase final do império luso-brasileiro, o centro foi transferido de Lisboa para o Rio de Janeiro. E, após a independência brasileira e durante um século e meio, a travessia do Atlântico de milhares de camponeses, homens e também mulheres e menores trouxe uma nova trama popular e de uma outra dimensão aos elos entre os dois países. As relações culturais, facilitadas pela língua comum, foram também intensas durante oitocentos e as primeiras décadas de novecentos.
São algumas dessas conexões que, para o período oitocentista, são examinadas neste livro que resulta de um Colóquio luso-brasileiro organizado pelo CEO/Pronex e pelo CEHC-IUL em 2010.

Linguagens e Fronteiras do Poder.
Gladys Sabina Ribeiro (org.), 2011José Murilo de Carvalho (org.)
Miriam Halpern Pereira (org.)
Maria João Vaz (org.)
A história comparada impõe-se à escrita da história para a inteligibilidade do passado. Os países inseridos em espaço imperial e pós-imperial oferecem um domínio analítico específico, pela particularidade oriunda de um passado comum, ainda que em contexto de subordinação das antigas colônias em relação à metrópole. No caso de Portugal e Brasil, esse passado teve uma peculiar evolução, pois na fase final do império luso-brasileiro o centro foi transferido de Lisboa para o Rio de Janeiro. Linguagens e Fronteiras do Poder explora a natureza dessa evolução peculiar no que tem de comum e de distinto.

Linguagens e práticas da cidadania no século XIX.
Gladys Sabina Ribeiro (org.), 2010Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira

Diálogos entre Direito e História: cidadania e justiça.
Gladys Sabina Ribeiro (org.), 2009Edson Alvisi Neves (org.)
Maria de Fátima Cunha Moura (org.)
Este livro apresenta os primeiros resultados de um grupo de trabalho reunido ao redor do convênio firmado entre a Universidade Federal Fluminense e a Universidade do Minho, Portugal. Este grupo tem por escopo refletir sobre as relações entre os campos da História e o Direito.

Brasileiros e cidadãos. A modernidade política 91822-1930)
Gladys Sabina Ribeiro (org.), 2008Discutir a formação da nação, dos direitos e da cidadania na passagem para a modernidade é o objetivo primordial desse livro. A historiadora Gladys Sabina Ribeiro é a organizadora das análises que priorizam os direitos políticos e civis levando em consideração os valores e as práticas sociais dos períodos que vão do Primeiro Reinado aos dos últimos anos do Império e ao começo da Primeira República.
A partir de temáticas e de enfoques diferentes, mas com eixo nas concepções de cidadania produzidas pela tradição ocidental, o livro enfoca as diferentes concepções de direito e as relações dos cidadãos com o governo e com as instituições do Estado, além de permitir subsídios para a discussão sobre a formação da sociedade civil, equilibrando o papel do Estado e o da sociedade
Brasileiros e cidadãos é estruturado em três partes distintas: primeiramente, o enfoque está voltado para a nação e a cidadania dentro do contexto do constitucionalismo. Depois são enfatizadas as questões relativas ao Direito, às leis e à cidadania na passagem à modernidade republicana. Por fim, o livro trata do sonho da Primeira República como espaço de cidadania democrática e republicana e versa também sobre as atitudes dos indivíduos que recorriam à Justiça para fazer valer os direitos.
Neste livro, a compreensão dos fatos históricos e a formação dos direitos de cidadania fazem com que as interpretações sobre esses assuntos através da história resultem numa maior compreensão dos processos na nossa atual história política. Dessa forma, uma nova história política se cruza com a história social e cultural da sociedade.

Mata Galegos: os portugueses e os conflitos de trabalho na República Velha
Gladys Sabina Ribeiro, 1990No Rio de Janeiro do início do século, a presença dos portugueses era expressiva. Constituíam a mão-de-obra preferida e valorizada pelos patrões. ‘Precisa-se de portugueses…’, estampavam os jornais da época. Em um momento de dificuldades econômicas e de carestia, esses imigrantes tornavam-se concorrentes e rivais dos trabalhadores brasileiros, considerados vadios e desordeiros. ‘Mata galego!’ era o grito que expressava os ressentimentos populares e podia dar início a uma escaldada de insultos ou a uma agressão sanguinolenta. A luta pela sobrevivência criou e reeditou imagens diversas sobre os portugueses e os trabalhadores nacionais, ainda hoje vigentes em nosso cotidiano.